Um plano de contingência foi montado em Perdigão para acabar com os criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. A informação foi dada pela Secretária de Saúde, Neusa de São José Mesquita, durante a reunião do Comitê Intersetorial e Interinstitucional Municipal de Enfrentamento à Dengue, Chikungunya e Zika, realizada, na manhã desta sexta-feira (26), no Centro Cultural Rosa Carolina de Araújo.
Até o último LIRA’a - Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti, realizado entre 7 a 11 de janeiro, o município não tinha histórico de casos confirmados de dengue e o índice de infestação era de médio risco. Mas com o avanço do número de notificações, as ações de combate à doença foram intensificadas.
De acordo com os dados do setor de epidemiologia, de janeiro até a última semana, foram registrados 62 casos de dengue e 3 de chikungunya, destes, apenas 3 foram confirmados com dengue, sendo que somente 21 fizeram o exame de sorologia.
Além do plano de contingência, a secretária falou também da contratação de mais agentes, da conscientização e da importância da população no combate aos focos. Pediu empenho de todos os profissionais da saúde, tanto dos agentes, quanto das unidades de PSF.
“Nós vamos contar agora com o trabalho de vocês, neste momento que está intensificando casos de dengue no município. Perdigão estava sob controle, poucos municípios estava na situação como a nossa; com quadro completo de agentes, com todos os levantamentos feitos e finalizados. Estávamos atentos, desenvolvendo um bom trabalho, mas, é bom lembrarmos que estamos em uma linha de fogo cruzado, onde Nova Serrana, Bom Despacho e Divinópolis, já foram classificados como de alto risco e muitos destes casos podem ter sido importados destes lugares”, argumentou.
A vice-presidente do conselho e coordenadora da vigilância epidemiológica, Elenita das Graças Delfino, explicou que, com este quantitativo, a situação do município é considerada de alto risco e que providências já foram tomadas para amenizar a proliferação do mosquito, como o trabalho de bloqueio.
“Foram contratados mais 3 agentes de endemias, que já passaram por treinamento e vão realizar o trabalho de bloqueio nos quarteirões ao redor da casa, onde foi feita a notificação, no entorno de 150 metros. Será feito o trabalho de chão, de remoção de larvas, de ovos e também o de ar, que é com a bomba costal”.
A coordenadora disse ainda que outras ações, já desenvolvidas, a médio e longo prazo, foram intensificadas neste momento de surto e alertou que o número maior de focos, cerca de 90%, está nas residências. Questionada sobre à pulverização de inseticida, popularmente conhecido como fumacê, ela disse que, até o momento, está descartada, uma vez que o estado só autoriza em casos de epidemia, pois há impactos ambientais.
“Estamos realizando o mutirão com limpeza dos lotes, removendo os recipientes que possam acumular água e vamos envolver todas as unidades de saúde no planejamento de ações. É importante a população ficar atenta e contribuir, pois o problema maior ainda está nas residências e não em lotes vagos. Está na hora de agir, todos nós somos responsáveis e estamos sujeitos a ter a doença. Quanto ao fumacê é só no último caso, pois atinge animais, plantas e outros insetos", frisou.
Para combater a dengue, é preciso evitar que o mosquito Aedes aegypti se reproduza. Desse modo, é necessário eliminar o acúmulo de água parada em latas, pneus, sacos plásticos e até mesmo tampinhas de refrigerantes. Como é muito comum encontrar esses itens em residências, é de suma importância a ação da população para o combate da doença.
No ano de 2016, foram registrados em Perdigão 392 notificações, 25, em 2017 e 24, em 2018. Informações podem ser obtidas pelo disque epidemiologia: 3287-1798.
No Estado de Minas
Minas Gerais registrou, até o momento, 140.754 casos prováveis de dengue. Em 2019, até o momento, foram confirmados 14 óbitos por dengue dos municípios de Arcos (1), Betim (6), Frutal (1), Ibirité (1) Paracatu (1), Uberlândia (2) e Unaí (2). Atualmente há 57 óbitos em investigação.
Como uma das medidas adotadas para conter o avanço dos casos de dengue no estado, o governador Romeu Zema decretou Situação de Emergência em Saúde Pública nos municípios de abrangência das Macrorregiões de Saúde Centro, Noroeste, Norte, Oeste, Triângulo do Norte e Triângulo do Sul do Estado. A partir dessa ação, que foi publicada hoje (23/04), no Diário Oficial de Minas Gerais, será possível mobilizar recursos de forma mais ágil para enfrentamento do Aedes aegypti e estruturação de serviços de atendimento às pessoas infectadas pelo vírus causador da doença. A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) também destinou R$ 4,180 milhões, após aprovação da Resolução SES/MG Nº 6.697, de 02 de Abril de 2019, na Comissão Intergestores Bipartite (CIB).
Além dessas medidas emergenciais para conter o avanço da doença, desde janeiro, a SES-MG vem enviando Força-tarefa, composta por agentes da Saúde Estadual e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) a 10 municípios com alta incidência de pessoas com dengue e alta infestação pelo mosquito. A ação envolve diferentes áreas da SES-MG, como Assistência, Vigilância Epidemiológica, Controle Vetorial e conta com reforço dos agentes de controle de endemias municipais.